Ana Maria Gonçalves contou outra história do Brasil em Pomerode
A autora de "Um defeito de cor" foi uma das convidadas do FliPomerode, e a gente tava lá pra ouvir essa mulher
“Você tem ideia da doideira que é falar essas coisas aqui em Pomerode?”, perguntei para Ana Maria Gonçalves enquanto ela autografava uma edição do seu “Um defeito de cor” pra mim. Bem-humorada, ela me olhou por uns instantes e respondeu: “não”. Rimos muito, porque todas sabíamos que ela sabia, sim, que doideira ela subir num palco e falar sobre o que esse seu trabalho representa.
“Um defeito de cor” foi publicado em 2006 depois de uma reviravolta na vida profissional de Ana Maria e de anos de pesquisa sobre sua própria história, que coincide com a história do Brasil. Mas é uma outra história oficial, que tentaram apagar, esconder. E nesse romance, ela utiliza elementos da ficção para suprir lacunas e envolver quem o lê. O livro não é só um livro. E ao recontar nossa história, conseguiu grandes impactos e inesperadas dimensões. No ano que vem, a Portela levará para a avenida um samba-enredo inspirado nessa obra.
No Festival Literário Internacional de Pomerode (FliPomerode), em 10 de agosto, Ana Maria contou a trajetória que a levou a construir essa história. Mas mais que isso: falou sobre racismo, sobre os impactos da escravidão, sobre Brasil. Tudo isso na cidade que se orgulha de ser “a mais alemã do Brasil”. Na cidade que ganhou manchetes de jornais porque um professor (sim, um professor), tinha uma suástica exposta no fundo de sua piscina.
A doideira foi que Ana Maria não apenas falou sobra história do Brasil a partir de uma perspectiva diferente, ela falou pra uma plateia atenta, interessada, e que formou fila pra pedir uma foto e um autógrafo. Eu e a Carol estávamos entre essas pessoas, nessa cidade tão complexa, bonita e interessante. E foi bonito demais!
Felizmente, a FliPomerode teve transmissão ao vivo. Se você não pôde estar lá, ainda pode assistir à mesa de Ana Maria Gonçalves, com Clarice Fortunato, na íntegra:
E aqui o momento em que eu não me aguentei:
Ana Maria Gonçalves e a obra dela me fizeram lembrar de outra escritora incrível, e que também utiliza a ficção pra recontar a história do Brasil, no passado e no presente: a Eliana Alves Cruz. Nós falamos com ela nesse episódio:
Na newletter da semana passada, nós contamos como foi a participação de outra Ana Maria, a Machado, no FliPomerode. Se você não leu, clique aqui!
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Stefani