Escritora fala sobre romance “A extinção das vinhas” e necessidade de apoio ao mercado editorial gaúcho
Tive a sorte de estudar com a Pâmela Carbonari e ler esse livro que me leva direto pra minha infância
Tem algumas coincidências da vida que são muito interessantes. Eu sou jornalista, trabalhei um tempão em redação de jornal, e em 2019 decidi mudar de rumo e cursar Letras - Língua Portuguesa e Literaturas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É a minha segunda graduação e eu sempre era a menos jovem das turmas, e aí acabava me conectando mais com um ou outro estudante também na minha faixa etária. No ano passado, em uma das aulas de início de semestre, tava rolando a tradicional apresentação de cada estudante, e uma aluna tinha uma história muito parecida com a minha: também cresceu no interior, também era jornalista, também tinha trabalhadado em redação de jornal, também tinha decidido mudar de rumos e entrar no curso de Letras (ela, no Francês). Era a Pâmela Carbonari, de quem eu já gostei de cara.
Ali pelas tantas fiquei sabendo por uma colega da Pâmela no Francês, minha amiga tuiteira e apoiadora do Posfácio (faça como ela e clique aqui pra apoiar!), a Maria Carolina Flores, que aquela jornalista tinha lançado um romance: “A extinção das vinhas”, publicado pela Patuá. Confiei na indicação e corri comprar, e posso garantir: o livro é ótimo!
O que eu mais amei nele é a relação entre uma avó e sua neta, como aquele distanciamento na infância se transforma numa aproximação genuína na vida adulta, e como podem ser sinceras uma com a outra de um jeito que só são entre elas. A história também é contada a partir de memórias do passado, que são muito semelhantes às minhas memórias de infância no interior. Soma-se a isso a escrita da Pâmela, que é poética e divertida, e o jeito de contar a história - quando rememora a infância, vemos aquilo pelos olhos inocentes da criança.
Eu mandei pra Pâmela algumas perguntas, e pedi que ela nos contasse em áudio como foi o processo de escrita desse livro. Confiram:
A maior parte da história se passa numa comunidade do interior do Rio Grande do Sul, e foi inevitável pensar em como a Pâmela, uma escritora gaúcha, tava se sentindo nesse momento em que o estado começa a se recuperar de uma catástrofe natural. A gente já falou aqui da importância de apoiar também o mercado editorial gaúcho, e eu pedi pra Pâmela também falar sobre a relação dela com o Estado e recomendar editoras, livrarias, perfis e escritoras e escritores:
O perfil do Clube dos Editores do RS, que a Pâmela cita, é esse aqui. A gente recomenda fortemente a leitura de “A extinção das vinhas”, e também que conheçam e comprem livros das editoras gaúchas!
Novo texto da Julia Dantas
Na newsletter em que falamos sobre como apoiar editoras, livrarias, escritoras e escritores do RS, entre eles a querida Julia Dantas, que já participou do Posfácio, citamos um texto dela sobre essa tragédia. Na newsletter dela, a autora publicou um novo texto sobre o que se passa por lá. Mais uma vez é dialcerante, mas na linda escrita dela que registra estes fatos. Clique aqui pra ler, assine a newsletter e, se puder, apoie a Julia.
“‘Aquela casa não existe mais’, me diz a amiga escritora Nathallia Protazio, no primeiro reconhecimento de que a gente não perdeu o teto nem as paredes, mas a gente perdeu a nossa casa. ‘Chora por ela o quanto você precisar’, ela me diz em seguida, com a crueza e a coragem de quem também estava naquele momento perdendo a sua.”
Aqui, o episódio do Posfácio com a Julia:
Fica também a recomendação da reportagem da revista Quatro Cinco Um sobre a retomada do mercado editorial gaúcho, e as tristes fotos do post abaixo:
Sexta temporada do Posfácio Podcast
Nós estamos trabalhando na sexta temporada do Posfácio Podcast e às sextas-feiras, a cada 15 dias, você ouve nomes importantes da literatura brasileira contemporânea batendo um papo com a gente. Mais uma vez, estamos priorizando autoras mulheres e vozes diversas, porque isso faz parte da nossa missão! O episódio mais recente é a primeira parte de nossa conversa com Michelli Provensi sobre o livro “Marinheira de Açude”. Ouça agora:
Nesta sexta-feira, dia 14, vai ao ar a segunda parte da conversa, sobre moda, literatura e muita doideira!
Apoie nossa missão!
Fazer jornalismo independente não é tarefa fácil! Pra viabilizar nosso trabalho, buscamos diferentes fontes de recursos financeiros. Uma delas é a nossa campanha de financiamento coletivo. Temos a meta de atingir R$ 1,5 mil por mês em apoio.
Doando a partir de R$ 10 por mês, você concorre a combos de livros de editoras como a Campanhia das Letras, Boitempo e Relicário, que são nossas parceiras, além de obras da literatura catarinense. Essa é a recompensa física. A moral é você incentivar o jornalismo cultural e compromissado com causas sociais, feito por mulheres, e independente! Contamos com você.
Se você não pode apoiar de maneira recorrente, mas quer dar aquela força pontual, faça um Pix para 51571965000175 (CNPJ).
Essas doações nos ajudam muito a bancar as despesas mensais da empresa e nos fortalecem para irmos em busca de projetos e apoios robustos, que financiem produções de qualidade e também nos paguem pelas horas que dedicamos ao Posfácio Hub e a vocês!
A todas as pessoas que já nos apoiam, nosso agradecimento enorme! Vocês não têm ideia do quanto isso é importante e nos motiva a seguir em frente nesse sonho de fazer jornalismo cultural e focado em direitos humanos de maneira independente e com qualidade.
Muito obrigada!
Stefani
Várias informações interessantes! Não sabia da sua relação com francês, por exemplo. (Também fiz na UFSC.) E fiquei interessado pelo livro da Carbonari, que, apesar de ser da mesma editora que o meu, ainda não conhecia.