Sobre traduções literárias e nossa vontade constante de aprender
Nosso convidado para o episódio mais recente do Posfácio, o tradutor Carlos Henrique Rutz, nos trouxe tanta informação nova que quase ficamos em silêncio
Olá!
Provavelmente o episódio mais recente do Posfácio - apesar de ser o mais longo até agora - é aquele em que menos se escuta nossa voz (da Stefani e Carol). E isso acontece por um motivo: somos fascinadas por aprender, por descobrir, por conhecer. Nosso convidado foi o tradutor Carlos Henrique Rutz, o Carlão - que APENAS traduziu 6 das 10 histórias em quadrinhos mais lidas no Brasil, como “Batman - O Cavaleiro das Trevas” - e ele falou sobre um assunto que nem de longe dominamos: tradução de livros e HQs.
Foi incrível ouvir tanto sobre algo que desconhecemos. Pensar em tudo que envolve um trabalho gigante de pesquisa por trás da tradução literária, no quanto o tradutor é coautor de uma obra, nas escolhas linguísticas que fazem parte do processo.
Vocês precisam ouvir:
Nós somos curiosas - e esse episódio poderia ter o patrocínio do Guia dos Curiosos - mas infelizmente nossa memória não é tão boa quanto a do Carlão. Aí concluímos que o tradutor precisa ter, antes de tudo, um vasto repertório não apenas lexical, mas também de conhecimentos gerais. É encantador!
Carlão começou traduzindo historinhas curtas nas revistas “A Era do Gelo - Coleção de Animais”, demonstrando grande capacidade de pesquisa nas mais diversas áreas, fato que o levou a ser convidado para traduzir o livro “Batman: Os Arquivos Secretos do Homem-Morcego”, da Editora Leya.
É o principal tradutor da série DC Comics Graphic Novels, da Eaglemoss, com participação em mais de 100 volumes desde 2015. Atualmente, também traduz as edições de luxo do “Príncipe Valente” para a Ed. Planeta DeAgostini.
Carlão também faz o podcast Notas dos Tradutores, ao lado de Érico Assis e Mario Luiz C. Barroso, todos profissionais renomados e com muita história nessa área. E também escreve sobre esse trabalho para o site do Circuito Catarinense de Quadrinhos (CCQ). Recomendamos muito!
Mais sobre tradução
Se essa newsletter tá nimiamente extensa, a culpa é da Flora Thomson-DeVeaux. Nesse texto para a Revista Piauí, ela conta sobre como foi traduzir “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis - o Machadão da Massa - para o inglês.
Também falamos sobre Eric Nepomuceno, tradutor e amigo de autores como Gabriel García Márquez e Eduardo Galeano. Nessa entrevista para a CNN, Eric conta sobre essas relações e a tristeza de, pela primeira vez, traduzir uma obra do escritor uruguaio sem a participação dele: “De todos os autores que traduzi, ele [Galeano] foi o único a revisar comigo cada linha, negociando palavra por palavra […] Foi imensa a dor de saber que não negociaríamos nenhuma palavra, nenhuma frase: naveguei no breu”.
Contamos ainda a história do professor da Universidade de São Paulo (USP) Mamede Jarouche, que traduz há 20 anos o “Livro das Mil e uma Noites”. Em 2021, ele lançou o quinto volume dessa coleção que inclui trechos praticamente inéditos, pois boa parte dessas traduções se baseia em duas edições árabes impressas no século 19 no Cairo e Calcutá. Tem tudo sobre essa história nessa matéria da Revista Quatro Cinco Um.
Citamos os seguintes livros nesse episódio:
“Batman - Os arquivos secretos do homem-morcego”, de Matthew K. Manning e traduzido por Carlos Henrique Rutz
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis
“O Morro dos Ventos Uivantes”, de Emily Brontë
“O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry
“O Alquimista”, de Paulo Coelho
“Ulisses”, de James Joyce
“História da sua vida e outros contos”, de Ted Chiang
“O caçador de histórias”, Eduardo Galeano
“Reino do Amanhã”, de Mark Waid
Obrigada por acompanhar o Posfácio, ler, ouvir e buscar conhecimento (seguindo o conselho do ET Bilu) com a gente!
Beijos e até a próxima!