Sobre os livros obrigatórios para o Vestibular 2024 da UFSC
No novo episódio do Posfácio, a gente discutiu a representatividade de pessoas negras e de mulheres nas obras, a ausência de livros de autoria catarinense e outros aspectos
Nos dias 9 e 10 de dezembro, ocorrem as provas do vestibular 2024 UFSC/IFSC/IFC, e como já vitou tradição no Posfácio Podcast, fizemos um episódio especial comentando os livros obrigatórios. Dessa vez, a gente tem um convidado especial: George França, professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do Colégio de Aplicação da UFSC e pessoas divertidíssima. Com ele, fizemos um resumo dos livros e falamos de como os conteúdos podem aparecer na prova. Ouça o episódio e compartilhe com vestibulandes!
Em geral, o episódio com esse tema costuma render muito no YouTube. Então esse também tá lá, pra quem preferir:
Sobre os livros
As obras obrigatórias são: “Úrsula”, romance da Maria Firmina dos Reis (que você pode ler gratuitamente aqui); “Torto Arado”, também romance, do Itamar Vieira Júnior; “A alma encantadora das ruas”, um livro de crônicas do João do Rio (que tá em domínio público); “Velhos”, livro de contos de Alê Motta; o roteiro do filme “O ano em que meus pais saíram de férias”, que é de autoria de Cláudio Galperin, Cao Hamburguer, Bráulio Mantovani e Anna Muylaert; e o romance experimental “O mez da grippe”, de Valêncio Xavier.
Os livros são muito interessantes, então esse é um conteúdo não só pra quem vai prestar vestibular, mas pra pessoas que se interessam por literatura brasileira. Mas focando na prova da UFSC, a gente discutiu, por exemplo, a representatividade de pessoas negras e de mulheres nas obras, a ausência de livros de autoria catarinense e outros aspectos.
Destaque para a questão racial
Uma reportagem de Nicholas Pretto e Walter Porto para a Folha de S. Paulo detalho um levantamento que coloca a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entre as duas principais universidades brasileiras a incluir obras de escritoras nas leituras obrigatórias para o vestibular, junto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Autoras como Conceição Evaristo e Maria Firmina dos Reis são citadas como exemplos de leituras obrigatórias no vestibular da UFSC e que incentivaram, nos últimos anos, não só o resgate de obras de mulheres como também de pessoas negras no mercado editorial nacional.
O levantamento feito pela Folha é inédito e é baseado no histórico de todas as leituras obrigatórias já exigidas pelas universidades públicas mais bem qualificadas no ranking universitário elaborado pelo jornal, o RUF. Das dez universidades nas posições mais altas, só cinco solicitam obras literárias específicas aos inscritos e foram analisadas — além da UFSC e da UFRGS, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). A maior parte das outras universidades no topo do ranking usa como método primário de ingresso o Enem, uma prova sem lista própria de leituras.
A UFSC e a UFRGS já atingiram a paridade, ou seja, 50% das autoras selecionadas são mulheres. A Folha aponta que a UFSC foi a primeira do Brasil a atingir esse patamar, em 2017, quando também foi a primeira a incluir uma autora negra na seleção de leituras obrigatórias, com “Olhos d’Água”, de Conceição Evaristo.
As obras literárias de leitura obrigatória para o Vestibular Unificado UFSC / IFSC / IFC são revisadas em uma série de episódios do podcast Vou pra UFSC:
Vem aí o Melhores do Ano!
Pra quem tá sentindo falta de episódios em que somos só eu e a Carol conversando, vem aí o também tradicional Melhores do Ano do Posfácio! Ainda em dezembro, vamos falar sobre os livros que mais gostamos de ler em 2023 e dar aquelas dicas gostosas de leitura pro verão. Siga o Posfácio nos tocadores pra não perder nada!
Apoie o jornalismo independente
Fazer jornalismo independente não é tarefa fácil! Pra viabilizar nosso trabalho, buscamos diferentes fontes de recursos financeiros. Uma delas é a nossa campanha de financiamento coletivo. Temos a meta de atingir R$ 1,5 mil por mês em apoio.
Doando a partir de R$ 10 por mês, você concorre a combos de livros de editoras como a Campanhia das Letras, Boitempo e Relicário, que são nossas parceiras, além de obras da literatura catarinense. Essa é a recompensa física. A moral é você incentivar o jornalismo cultural e compromissado com causas sociais, feito por mulheres, e independente! Contamos com você.
Obrigada!
Stefani