Sobre nossos autores favoritos e o que eles dizem sobre nós
No episódio 8 de Posfácio, falamos sobre Gabriel García Márquez e José Saramago e explicamos os motivos de serem os favoritos dessas duas amigas jornalistas podcasters que vos escrevem
Oi!
“Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada”. A gente começa citando Caetano Veloso, um amor nosso, pra falar de outras duas paixões: nossos autores favoritos - José Saramago, pra Carol Passos, e Gabriel García Márquez, pra Stefani Ceolla. Mas por quê começar esse texto citando “Vaca profana” (aqui a música na voz da Gal Costa)? Porque, em geral, os retornos que recebemos sobre o podcast Posfácio é de que uma das coisas que mais agrada é nosso senso de humor. E, de fato, a gente se diverte e ri muito fazendo esse conteúdo. Mas às vezes a gente dá espaço também pras nossas lágrimas, e rolou um pouco disso no episódio 8. Ao falarmos sobre nossos autores favoritos, recorremos a lembranças dolorosas, falamos de pessoas importantes para nós e que não estão mais aqui e de como essas leituras, esses autores, nos ajudaram também, com sua vida e obra, nos entendermos no mundo.
Nesta newsletter, mais do que falar sobre quem são Gabo e Saramago, vamos falar sobre o que gostar tanto deles diz sobre nós. Se na escrita eles não tinham muito em comum, o colombiano García Márquez e o português Saramago tinham ideais políticos e sociais semelhantes, um olhar crítico sobre o mundo, mas também a crença em utopias. Eram sarcásticos e irônicos. Se apaixonavam profundamente e acreditavam no amor até o fim, e além. Isso diz muito sobre eles, mas também diz muito sobre nós, no que acreditamos e como sentimos.
Gabo foi o grande nome do realismo mágico no mundo, mas a Stefani define sua paixão pela obra dele de uma maneira que pode até soar estranha: “Eu acredito que tudo que ele escreveu é verdade”. Pra falar sobre o autor, ela conta sobre uma viagem que fez 5 anos atrás à Colômbia para percorrer cidades e locais que fazem parte das histórias contadas por García Márquez. A viagem ao Caribe não foi feita só de alegrias e descobertas, como se poderia imaginar. Teve uma tragédia no meio do caminho, teve luto, tristeza, mas teve acolhimento, um contato direto com seu autor favorito e, na volta, a certeza de que a pessoa que foi pra Colômbia não era a mesma que voltava pra casa.
Já Saramago é um autor que pensa muito sobre o egoísmo humano, sobre nossas motivações, e é isso que atrai a Carol nos livros dele. O português fala sobre injustiças sociais, destacando trabalhadores, e ridiculariza o autoritarismo, além de não se esquivar de se posicionar com relação a temas como reforma agrária e direitos humanos. Na literatura, é um autor que tece comentários ao longo das obras, como se pensasse em voz alta, lembrando o leitor o quão absurdas são algumas situações. Foi um homem admirável e um autor muito produtivo: publicou mais de 40 livros, mas só teve sucesso mesmo aos 60 anos de idade.
Gabo e Saramago receberam o Nobel de Literatura - o primeiro em 1982 e o segundo em 1998. Ambos morreram aos 87 anos: Saramago em 2010, na Espanha, e Gabo em 2014, no México.
Não deixem de ouvir esse episódio do Posfácio pra saber mais sobre eles, os livros que mais gostamos, e leiam esses homens!

Os livros citados neste episódio são:
“Cem anos de solidão”, Gabriel García Márquez
“O amor nos tempos do cólera”, Gabriel García Márquez
“Do amor e outros demônios”, Gabriel García Márquez
“Cheiro de goiaba”, Gabriel García Márquez
“Viver para contar”, Gabriel García Márquez
“Ensaio sobre a cegueira”, José Saramago
“O ano da morte de Ricardo Reis”, José Saramago
“O evangelho Segundo Jesus Cristo”, José Saramago
“Levantado do Chão”, José Saramago
“A viagem do elefante”, José Saramago
“Gaibéus”, Alves Redol
"Terra", Sebastião Salgado
Conteúdo extra!
Assistam aos documentários “José e Pilar”, que foi produzido a partir de 2006, praticamente acompanhando os últimos anos de José Saramago, e “Levantado do chão”. Aqui também tá o link para a entrevista dele no Roda Viva.
Também sugerimos o documentário “Gabo”, que tem na Netflix, e leiam o discurso que ele fez ao receber o Nobel de Literatura.
Um pedido especial
Neste fim de ano, temos um pedido: doem para a campanha de Natal do Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM), organização da sociedade civil em que a Stefani trabalha e que a Carol apoia. O objetivo é garantir o acesso à alimentação a quase mil famílias da Grande Florianópolis neste fim de ano. Saibam mais aqui!
Spoiler
No próximo episódio, nós vamos falar sobre as três leituras obrigatórias para o vestibular da UFSC, porque esse podcast também é utilidade pública! Mas o episódio não é só pros vestibulandos, porque a gente vai falar de “Cemitério dos vivos”, do Lima Barreto, “Crônicas para jovens: de amor e amizade”, da Clarice Lispector, e de “Ânsia eterna – contos”, da Júlia Lopes de Almeida. Não é um episódio só pra vestibulandos: são livros que todo mundo deveria ler!
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Até a próxima!