Sobre Alines e nossa relação com a escrita
No novo episódio de Posfácio, falamos sobre as jovens escritoras Aline Bei e Aline Valek, como a produção literária delas vai além de livros, e da nossa própria escrita
Oi!
Temos algumas perguntas: precisa estar num livro pra ser literatura? É necessário publicar pra ser considerada escritora? No novo episódio de Posfácio, a gente fala sobre duas autoras cujas produções vão além dos livros. Elas são Aline Bei e Aline Valek.
A Carol conta como a Bei entrou na vida dela com uma singela mensagem pelo Instagram que acabou revelando uma escrita intensa e profunda nos livros “O peso do pássaro morto” e “Pequena coreografia do adeus”. Depois de gravarmos o episódio, a Stefani leu esse segundo livro e segurou o ar durante toda a leitura. É tocante demais. Pra Stefani, a potência da obra é a relação mãe e filha. Pra Carol, o livro que mais mexeu com ela foi primeiro, que trata da história de uma mulher solitária que vive uma série de perdas desde a infância.
Aline Bei não se difere apenas por ser acessível aos seus leitores, mas também pela forma como escreve. Ela descreve sua escrita como trabalho literário, pois tramita entre a estrutura de poesia com narrativa. As histórias são intensas e os textos nos guiam pela mente das protagonistas como um fluxo de pensamentos que se desenha na página.
Aline publicou seu primeiro livro por uma editora independente, a Nós. Em 2017, conquistou o prêmio São Paulo de Literatura. Em 2018, ganhou o prêmio Toca e foi finalista do Prêmio Rio de Literatura. Se tornou conhecida principalmente entre as leitoras mulheres pelo hábito de enviar mensagens no Instagram a possíveis leitoras e se apresentar. A venda com o livro "embaixo do braço" chamou a atenção da Companhia das Letras que lançou "Pequena Coreografia do Adeus".
Carol está fazendo um curso com a autora no qual ela contou que estudou Letras pressionada pelos pais, que não viam futuro na carreira dela como atriz. Embora mergulhada nas Artes Cênicas, Bei sucumbiu à pressão e começou o curso. Aos 21 anos, se entendeu escrevendo e hoje é bonito e inspirador vê-la dizer com orgulho, brilhos nos olhos e um sorriso que é escritora.
Como a Carol não leu o trecho do livro da Bei (pois pega de surpresa para falar do próprio processo criativo), ela coloca aqui um texto que a escritora escreveu no Instagram:
Depois da Bei, falamos da Valek. A Stefani conta que primeiro conheceu ela pelo podcast “Bobagens Imperdíveis”, depois pela newsletter “Uma palavra” e só agora leu um livro dela, "Cidades afundam em dias normais". A Valek mostra que literatura não é só aquilo que tá no papel, num livro. Que existem mais possibilidades pra se contar uma boa história, e ela explora muito bem todas elas.
Em "Cidades afundam em dias normais", ela também usa diferentes formas narrativas. Tem aquela mais tradicional, em terceira pessoa, com narrador onisciente; tem trechos de um caderno de memórias; tem também notícias de jornais que ajudam a contar o que aconteceu com base em fatos nem sempre muito confiáveis; e até troca de e-mails. É uma narrativa fragmentada, em que os pedaços vão se encaixando aos poucos.
O papo sobre as duas autoras acabou levando essas duas amigas - Carol e Stefani - a falar sobre seus próprios processos de escrita. Nós duas somos jornalistas e escrevemos - não só como ofício, mas também como uma maneira de traduzir sentimentos por meio das palavras. Seguimos aquilo que diz Mia Couto: escrever é nosso modo de rezar. Esse é o bordado que a Carol fez pra Stefani, com a frase do Mia Couto:
Enquanto a Stefani tem vergonha de mostrar essas produções por serem íntimas demais (mas se orgulha muito das reportagens que já escreveu), a Carol tem um site e uma newsletter em que compartilha seus escritos.
Você também tem experiências com a escrita? Deixe seu comentário!
Os livros citados nesse episódio são:
“O peso do pássaro morto” - Aline Bei
“Pequena coreografia do adeus” - Aline Bei
"Cidades afundam em dias normais" - Aline Valek
"Outros cantos" - Maria Valéria Rezende
Extras
Essas são as newsletter da Nina Rocha e da Flavia Schiochet que a Carol comenta no episódio. E esse é o aplicativo que ela usa só pra organizar as newsletters que gosta!
Agradecimentos
Dedicamos esse episódio às nossas amigas e grandes incentivadoras Larissa Guerra e Marina Melz, do renomado podcast Donas da P* Toda. Esperamos nos ver em breve imunizadas e tomando bons drinks numa praia deserta.
Spoiler
Os dois próximos episódios serão sobre biografias. Vai ter Parte 1 e Parte 2, o que é muito chique. Temos boas histórias pra contar e até um ponto polêmico que pode resultar em uma pequena briga entre nós. Vai ter Marighella, Elis Regina, Tim Maia, Roberto Carlos e Jeff Tweedy. E talvez mais, nunca se sabe.
Mande seu áudio para o Feedback 360
Nos contem o que vocês acharam deste episódio e enviem sugestões do que gostariam de ouvir! Mandem áudios, nós gostamos! Se você que está lendo não tem nosso contato no Whatsapp, pode mandar pro Telegram da Carol: @carolinepassos.
Ouça o Posfácio nas plataformas Spotify, Anchor, Deezer, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music.
Nossos perfis no Twitter são @carolinepassos e @stefani_ceolla.
Até a próxima!