Personagens ambíguos: de Bentinho a Aureliano Buendía, passando pela literatura inglesa e polonesa
No novo episódio do Posfácio, falamos sobre personagens que nos intrigam em diferentes livros. Além da curadoria literária, temos também uma curadoria de memes!
Oi!
Tem um tipo de personagem que nos agrada de maneira particular nos livros que lemos: aqueles difíceis de desvendar. São pessoas por vezes boas, por vezes más; misteriosas, profundas, ou que escondem de nós, leitoras e leitores, o que pensam e sentem. A construção desses personagens exige muito dos autores dessas obras, e é por isso que os achamos tão interessantes.
No episódio 7 do podcast Posfácio, esses personagens são os protagonistas. A Carol fala sobre a adolescente Briony Tallis, do romance “Reparação”, do escritor britânico Ian McEwan. Briony é uma menina super inteligente, criativa, mas neste momento da vida fantasia fatos, confunde imaginação com realidade, e acaba destruindo uma história de amor. É o que a Stefani definiu como “o capeta em forma de guria”, mas talvez não tanto. Ela chega a se arrepender, mas já não consegue voltar atrás. Somos obrigadas a ter empatia por Briony? Quem ler, dirá.
Já a Stefani se aprofunda na intrigante personalidade do coronel Aureliano Buendía, de “Cem anos de solidão”, do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Como toda a relação dos leitores com os personagens dessa história é intermediada pelo narrador, a gente acredita que, se é difícil entender o coronel, é porque o narrador quer assim. Aureliano é descrito pela própria mãe, Úrsula, como um homem incapacitado para o amor. Pra Carol, um cara que dá seu próprio nome para seus 17 filhos realmente não individualiza as pessoas com quem se relaciona, e não parece sentir muita coisa por elas.
Virgínia, de “Ciranda de Pedra”, da Lygia Fagundes Telles, a Madame Bovary, do livro de mesmo nome do Gustave Flaubert, e a Senhora Dusheiko, de “Sobre os Ossos dos Mortos”, da polonesa Olga Tokarczuk, vencedora do Nobel de Literatura, são outros exemplos de personagens ambíguos citados no episódio.
E, é claro, não podíamos de deixar de falar sobre ele, o mais desconfiável de todos os narradores da nossa literatura, o ícone da ambiguidade, o homem de autoestima duvidosa, aquele que quer fazer a gente desacreditar de uma mulher nos dando apenas o seu lado da história: o Bentinho, de “Dom Casmurro”, do Machado de Assis - o Machadão da Massa. Conta pra gente: alguma vez você confiou nesse cara e acreditou que a Capitu o traiu? A gente já, mas vocês precisam ouvir o episódio pra saber nossa opinião atual.
Os livros citados neste episódio são:
“Reparação”, de Ian McEwan
“Ciranda de Pedra”, de Lygia Fagundes Telles
“Sobre os ossos dos mortos”, de Olga Tokarczuk
“Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez
“Dom Casmurro”, Machado de Assis
Curadoria de memes
Nesse episódio, também apresentamos um vasto conhecimento sobre memes e talvez a gente tenha se perdido um pouco ao falar de “Dom Casmurro”. Mas foi mais ou menos assim:
Tudo começou quando nos deparamos com esse questionamento:
A Carol também resgatou a história do carioca na chuva tartaruga touché, que é entretenimento de qualidade.
E você conhece Belford Roxo, Seu Armando? Assistam!
Extra
Se não quiser ler "Reparação", tem o filme "Desejo e Reparação”, com a sofredora Keira Knightley, o James McAvoy e Saoirse Ronan, interpretando a Briony adulta (todos nomes difíceis pra Carol falar)
Spoiler
Tudo que esse episódio teve de zoeira, o próximo tem de sentimental e emocionante. Vamos falar de nossos autores favoritos. Adivinhem quem são? (mistério)
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Até a próxima!