Livros curtos para ler no feriadão de Carnaval
Se você, assim como nós, é do bloco "Orgulho da OMS" e vai ficar sossegade nesse Carnaval, temos várias dicas de livros pra te acompanhar nos próximos dias
Olá!
Em 2020, a gente quase desistiu do Carnaval. Já éramos acostumadas a marcar de ir a bares e festas e desistir um pouco antes. Nada de novo no front. Mas naquele ano descobrimos o Bloco da Bicharada, na Avenida Hercílio Luz, no Centro de Floripa, e desistimos de desistir.
A Carol ali já estava sendo tomada pelo vício em maquiagem e fez uma make especial pra ir fantasiada de peixe. A Stefani não tinha ideia nenhuma e acabou comprando uma tiara com orelhas de gato cheias de purpurina na Renner. E lá fomos nós, pra última aglomeração até hoje. Que bom que fomos. Abaixo, a foto que registrou aquele momento:
#saudades
Nos últimos dois anos, nós, assim como muitos de vocês, sossegamos a raba em casa. E nesse Carnaval, vamos continuar assim. A Carol ficou doente e foi obrigada por seu corpo a sossegar. A Stefani decidiu ir pra colônia ficar com suas primas. Só tem uma coisa que garantimos que faremos nesse feriadão: ler.
Nesse momento, a Stefani tá lendo o livro 1 da trilogia “Fundação”, do Isaac Asimov. E a Carol tá lendo "Cães”, da Júlia Grilo.
Pra facilitar a vida de vocês, que também são o orgulho da Organização Mundial da Saúde (OMS), o exemplo do Átila Iamarino, os cautelosos da Ômicrom, fizemos uma lista de livros curtos para ler nesse feriadão. Esse podcast está ao serviço da saúde pública e de vocês. Lá vai!
Dicas da Stefani
“Pedro Páramo”, de Juan Rulfo
“Há ar e sol, há nuvens. Lá em cima um céu azul e por trás dele pode haver canções; talvez vozes melhores… Em resumo, há esperança. Há esperança para nós, contra a nossa dor.”
Lançado em 1955, é um dos romances mais aclamados da literatura mexicana e precursor do realismo mágico.
“Redemoinho em dia quente”, de Jarid Arraes
“O verdadeiro desafio em aceitar e amar os loucos está em enxergá-los amantes da vontade de ver tudo pegar fogo.”
É um livro de contos da cordelista e poeta cearense Jarid Arraes. Os textos narram, principalmente, o cotidiano de mulheres.
“Feminismo para os 99% - Um manifesto”, de Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser
“A consolidação do sistema capitalista no mundo está imbricada com a invasão e a dominação dos territórios latino-americanos e a imposição ao mundo de um modelo de ser humano universal moderno que corresponde, na prática, ao homem, branco, patriarcal, heterossexual, cristão, proprietário.”
O livro-manifesto tem conteúdo anticapitalista, é dividido em artigos com diferentes temáticas, e prefácio de Talíria Petrone.
“Meus desacontecimentos”, de Eliane Brum
“O tempo de um filho não se mede em dias, meses ou anos. Um filho é um mundo sem tempo.”
Conhecida pelo seu trabalho como jornalista, Eliane Brum conta nessa narrativa bastante pessoal o percurso que fez para descobrir a palavra.
“O livro dos abraços”, de Eduardo Galeano
“Provérbio africano: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador.”
É um livro de textos curtos, pessoais e de memórias do autor uruguaio.
Dicas da Carol
"Max e os Felinos", de Moacyr Scliar
"Max Schmidt morreu em 1977. Estou em paz com meus felinos, dizia em seus últimos dias, e ninguém sabia exatamente o que queria dizer. Mas era aquilo mesmo: Max estava, enfim, em paz com seus felinos".
Talvez você já tenha ouvido sobre a polêmica do plágio que o autor de “As aventuras de Pi”, Yann Martel, fez desse livro do Moacyr, publicado em 1981. Só pelo babado vale a leitura, mas eu recomendo pela qualidade do texto e da história. Eu tive uma fase Scliar na adolescência depois de ler “A Majestade do Xingu”, mas como a ideia é livros curtos, recomendo Max que a L&PM lançou no formato pocket.
"Jóquei", de Matilde Campilho
“Uma menina desenha uma estrela de cinco pontas a esferográfica Bic na palma da mão de outra menina.
Chove, e mesmo assim o desenho não sangra: é preciso muito mais do que certas condições climatéricas para que o amor escorra.
Assisto a toda a cena e penso que esta visão, real ou inventada,
é muito pior do que a verdade a bofetadas".
É o livro de poemas que a escritora portuguesa escreveu quando vivia no Rio de Janeiro. Gosto como ela brinca com o formato de poema e crônica narrando suas descobertas pelas ruas, paixões e reflexões. Você também pode ouvir o programa de rádio que ela faz Tomás Cunha Ferreira, o Pingue Pongue.
“Zaralha”, de Letícia Novaes
Muito bonito esse livro da Letrux (pesquise por ela no Youtube). Ela divide com a gente seu caderno de anotações, processo criativo e memórias. Eu gosto muito dela e esse livro comprei num show. Ela é maravilhosa.
"Poemas cheios de vazios", de Christian von Koenig
"Viver nunca foi uma porta aberta -
a vida (quando muito) é janela,
que acontece nas brechas, pelas frestas
nas coisas insuspeitas e tão belas
como a luz da manhã pintando estreita
as verdes copas de árvores qual estrelas
ou a sombra na terra que se enfeita
de misto claro-escuro ao recebê-la;
é esse pouco, nada, tanto, tudo
que vale a vida toda num segundo”
O livro é uma seleção de poemas do Chris, escritos entre 2013 e 2020. Ele escreve sobre amor, cotidiano e tudo o que vê. São bem bonitos. Está disponível gratuitamente na versão ebook.
“Uma baleia nunca dorme profundamente", de Lilian Sais
"a baleia quer
que a sereia falsa se dane
que o marinheiro tonto se dane
a baleia não gosta de partir
mas a baleia cansou de ficar
em exílio voltou a andar
sobre a terra
esticou do rabo
duas perdas
fizeram-se duas pernas
e entrou na rua do lago
da praça ao lado
da curva do rio”
Mais um livro de poesias, eu sei. Gosto de poesias que se despedaçam em histórias, como esse livro da Lilian. Conheci o trabalho dela pelo belíssimo podcast “Todos os Ontens” e depois contribui para a publicação do livro. Temos em comum a paixão e curiosidade por baleias, metáfora que ela usa para falar de solidão, autoimagem e experiências da infância.
***
Nessa sexta não vai ter podcast porque infelizmente não deu. Pois é, a vida é assim. Carol ficou doente, Stefani ficou cansada, e em vez de entregar um episódio talvez não tão bom, decidimos adiar. Mas criamos esse conteúdo aqui da news e em nossas redes sociais (Instagram e Twitter) também vamos indicar podcasts pra vocês ouvirem enquanto a gente não volta. E você, que tá atrasado com o Posfácio, aproveita o feriadão pra colocar em dia. Tem tanto conteúdo massa nessa segunda temporada!
Ah! Você sabia que comprando os livros pelos links da nossa news está ajudando o Posfácio? O Jeff Bezos nos dá umas moedinhas a cada compra, então, se puder compartilhar com amigues nossos conteúdos, você está nos ajudando a manter esse projeto feito por duas mulheres que seguem resistindo <3