Clássicos que impactaram a literatura brasileira
O tema é sério, os livros são excelentes, mas a gente meio que se perdeu nesse episódio
Se você fosse citar um clássico da literatura brasileira, qual seria? Com esse pergunta convidamos o amigo e artista visual Nestor Jr novamente para mais um episódio do Posfácio. Na verdade, a gente sabia que o livro preferido dele é "Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar. Só tentamos pensar em um gancho para falar sobre isso.
Nestor contou como se sentiu ao ler esse clássico da literatura há 20 anos. A edição dele é cheia de notas, pois o texto de Raduan é uma obra de arte. Depois ele contou como a versão do livro para o cinema é fiel ao texto. Também conversamos sobre a estética e a decisão de Raduan de ficar recluso (e não publicar mais livros). Falamos muito dos trabalhos do diretor Luiz Fernando Carvalho.
Veja o filme completo:
Carol falou de "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, uma história que mostra a crueza da vida pobre no Sertão. O clássico está entre os 200 livros mais importantes para entender o Brasil, lista feita por 169 historiadores, sociólogos, antropólogos, romancistas, economistas, juristas, entre outros profissionais —a grande maioria do Brasil, mas também alguns representantes de Portugal, Angola e Moçambique. O projeto foi coordenado pela Associação Portugal Brasil 200 anos, a Folha de S. Paulo e o Projeto República (núcleo de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG).
O personagem principal é Fabiano, um vaqueiro muito pobre, miserável mesmo, que não sabe usar as palavras apesar de admirá-las. A família percorre o sertão de Pernambuco e Alagoas fugindo da seca. A edição do livro comemorativa aos 70 anos da obra, lançada em 2008, traz fotos feitas por Evandro Teixeira dos lugares percorridos pelos personagens da ficção. Algumas das imagens podem ser vistas no site dedicado a Graciliano Ramos. Também é possível ouvir o livro todo em podcast, narrado por Jessica Felipe.
Stefani falou sobre “Macunaíma”, do Mário de Andrade, um dos livros favoritos dela. Mário se dizia folclorista e a obra é considerada indigenista, com uma pegada de um certo realismo mágico brasileiro.
Macunaíma é o herói sem nenhum caráter, é um indígena descrito como preguiçoso, malandro e tal. Inicialmente, quando tá lá na mata, ele aparece como um homem negro. Quando se muda com os irmãos pra cidade grande, pra São Paulo, ele “embranquece”. É uma crítica de Mário ao racismo, preconceito que ele mesmo viveu, pois o autor foi sendo embraquecido ao longo dos anos.
A linguagem do livro chama muito a atenção, muita gente diz que é difícil de ler. Isso porque é preciso adaptar-se à linguagem, e por um motivo que deveria aproximar em vez de afastar o leitor: a semelhança com a fala. Então uma dica que a Stefani dá é ler “Macunaíma” em voz alta.
Apesar de os livros trazerem debates sérios, a gente não conseguiu manter a compostura. A Carol falou sobre como ela comprou o prato que vocês vêm logo abaixo. Totalmente equivocada. (Aliás, se você tem uma dica do que escrever nele e torná-lo um pouco menos ruim, coloca nos comentários).
Os livros citados neste episódio são:
“Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar
“Um copo de cólera”, de Raduan Nassar
“Fotografias de um Filme”, de Walter Carvalho
“Torto Arado”, do Itamar Vieira Junior
"A Queda do Céu", de Davi Kopenawa e Bruce Albert
“Vidas Secas”, do Graciliano Ramos
“O Quinze”, de Rachel de Queiroz
“Água Funda”, de Ruth Guimarães
"Macunaíma", de Mário de Andrade
“Negro Drama: ao redor da cor duvidosa de Mário de Andrade”, de Oswaldo de Camargo
Era isso! Até a próxima!
Beijos