A literatura afro-caipira em “Torto Arado”, “Água Funda” e “Ponciá Vicêncio”
Itamar Vieira Junior, Ruth Guimarães e Conceição Evaristo são os personagens do novo episódio do podcast Posfácio
Oi!
A trilha sonora pra acompanhar a newsletter de hoje é essa:
A música de Luedji Luna é acompanhada de um poema de Conceição Evaristo, essa grande escritora brasileira que deveria ser dona e proprietária de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Falamos dessa polêmica - um grande indício do racismo estrutural - no episódio 6 do podcast Posfácio. Sobre esse assunto, além de nos ouvir, obviamente, recomendamos a reportagem “O xadrez político dos imortais”, da Revista Piauí.
Mais do que sobre essa questão, falamos sobre um importante livro de Conceição, “Ponciá Vicêncio”, e de como ele se conecta com outras duas obras de diferentes tempos: “Torto Arado”, do Itamar Vieira Junior, e “Água Funda”, da Ruth Guimarães. Em comum, identificamos que estes três livros são exemplares do que Oswaldo de Camargo chama, na Revista 451, de “literatura afro-caipira”.
Gostamos muito desse termo porque ele compreende obras do chamado regionalismo, que retrata pessoas do interior, sertanejos, a ligação forte com a terra, a seca, a fome, mas as histórias são protagonizadas por pessoas negras, que sofrem os reflexos da escravidão, lutam por uma terra que nunca é garantida, honram seus direitos e seus ancestrais.
Sobre “Torto Arado”, falamos sobre a escolha de Itamar por protagonistas e narradoras femininas, como elas são retratadas, o momento atemporal desta história, as questões sociais abordadas pelo livro, que começa e termina de maneira muito forte. Se você ainda não leu este que é um dos mais premiados e festejados livros da atualidade, leia! No podcast damos poucos spoilers: fica mesmo o nosso convite à leitura!
Depois de ler o Itamar, a Stefani conheceu outra autora, uma autêntica representante do afro-caipira e do regionalismo, que publicou “Água Funda” nos anos 1940: Ruth Guimarães. Apesar da imensa qualidade literária, de ser uma das precursoras do realismo mágico, Ruth sofreu o mesmo apagamento histórico que muitas outras mulheres negras sofreram. Mas nós consideramos que muito da produção dela vive em obras como “Torto Arado”, e que Ruth pavimentou um caminho que Itamar, com muita sabedoria, seguiu.
Os livros citados nesse episódio são:
“Torto Arado”, Itamar Vieira Junior
“Água Funda”, Ruth Guimarães
“Doramar ou a Odisseia”, Itamar Vieira Junior
“Contos Negros”, Ruth Guimarães
“Ponciá Vicêncio”, Conceição Evaristo
“O Quinze", Rachel de Queiroz
"Lavoura Arcaica", Raduan Nassar
"Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa
Conteúdos extras
Temos um canavial de links de conteúdos sobre “Torto Arado”! Lá vai:
Entrevista com o Itamar Vieira Junior no podcast da revista 451
Entrevista do Itamar para Forbes
Entrevista na Rádio Brasil de Fato
Conversa do advogado e filósofo Silvio Almeida com Itamar
Documentário Menino 23, dirigido por Belisário Franca
Tem ainda o documentário “Parou por quê? A reforma agrária no governo Bolsonaro", da ONG Repórter Brasil
E o artigo de Anderson Luiz Rodrigues de Oliveira sobre Lei de Terras
Lemos também essa semana esse texto lindo, essa verdadeira experiência de escrevivência, publicado pela Conceição Evaristo na Revista 451 sobre o falecimento da mãe dela, Joana, aos quase 99 anos.
Spoiler
No próximo episódio, vamos falar sobre personagens ambíguos na literatura - uma verdadeira paixão da geminiana Carol Passos. Eu ouvi falar em Dom Casmurro? Teremos, mas teremos também outras referências e personagens não tão famosos assim!
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